Quando um engasgo leva à tragédia: a importância do cuidador estar preparado em primeiros socorros
- Marcia Regina Ramos
- 9 de out.
- 4 min de leitura

Na última terça-feira, 8 de outubro de 2025, o Brasil recebeu com tristeza a notícia da morte do artista plástico César Filho, aos 67 anos, em Feira de Santana (BA). De acordo com reportagem publicada pelo G1, o artista se engasgou enquanto comia carne em casa. Ele estava acompanhado de uma cuidadora, que tentou ajudá-lo, mas não conseguiu desobstruir as vias respiratórias. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, porém o artista não resistiu.
O caso ganhou grande repercussão não apenas por envolver uma figura pública querida, mas porque revela um tema delicado e urgente: a falta de preparo em situações de emergência doméstica, especialmente entre cuidadores de idosos e pessoas dependentes.
O engasgo é um evento comum, mas potencialmente fatal. Ele acontece quando um alimento, líquido ou objeto obstrui total ou parcialmente a passagem de ar, impedindo a respiração. Em poucos minutos, a vítima pode perder a consciência e sofrer parada cardiorrespiratória.
Em idosos, o risco é ainda maior. Com o avanço da idade, é comum o enfraquecimento da musculatura responsável pela deglutição, o uso de próteses dentárias, doenças neurológicas (como Alzheimer e Parkinson) e a redução dos reflexos de tosse — fatores que tornam o ato de comer muito mais perigoso do que se imagina.
Em situações como essa, o tempo é o fator mais importante. A falta de oxigênio por mais de quatro minutos pode causar danos cerebrais irreversíveis. Por isso, saber agir imediatamente é o que pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
O cuidador de idosos é, muitas vezes, o principal responsável por acompanhar e auxiliar o idoso em tarefas simples do dia a dia — entre elas, a alimentação. Isso significa que ele precisa estar atento não apenas à nutrição, mas também à forma como o alimento é oferecido e ingerido.
Alguns cuidados básicos já ajudam a prevenir engasgos:
- Evitar oferecer pedaços grandes de carne, alimentos secos ou duros;
- Posicionar o idoso sentado, com a coluna ereta e o queixo levemente inclinado para frente;
- Garantir que ele mastigue e engula completamente antes de oferecer a próxima colherada;
- Evitar conversas durante a mastigação;
- Respeitar o ritmo de cada pessoa.
Mas mesmo com todos esses cuidados, acidentes podem acontecer. E quando acontecem, é o conhecimento técnico que permite ao cuidador agir corretamente.
A manobra de Heimlich é o procedimento padrão de primeiros socorros em casos de engasgo. Ela consiste em compressões abdominais rápidas e firmes, com o objetivo de criar uma pressão interna que expulse o objeto ou alimento que bloqueia as vias respiratórias.
Apesar de simples, a manobra requer treinamento para ser executada com segurança — especialmente em idosos, que têm ossos mais frágeis e podem se machucar se a força for mal aplicada. Há também variações da técnica para pessoas acamadas, obesas ou cadeirantes, que o cuidador precisa conhecer.
Por isso, o curso de primeiros socorros não é apenas um diferencial, mas uma necessidade para quem lida com vidas todos os dias.
A formação em primeiros socorros ensina o cuidador a reconhecer situações de risco, manter a calma e agir de maneira rápida e eficaz. É um aprendizado prático, que dá confiança para enfrentar momentos críticos sem paralisar pelo medo.
Alguns dos principais benefícios incluem:
1. Atuação segura em emergências;
2. Prevenção de acidentes;
3. Autoconfiança e tranquilidade;
4. Maior valorização profissional;
5. Atualização contínua.
Esses conhecimentos simples, mas técnicos, podem ser a diferença entre salvar uma vida e assistir impotente a uma tragédia.
O preparo técnico é essencial, mas há algo que nenhuma certificação substitui: a serenidade e a empatia no cuidado. Em momentos de desespero, manter a calma é o primeiro passo para agir corretamente.
A morte do artista plástico César Filho nos lembra que a linha entre a vida e a morte pode ser um simples gesto — uma manobra feita na hora certa.
Infelizmente, muitos cuidadores no Brasil ainda não receberam treinamento adequado. E isso não é por falta de vontade, mas por falta de incentivo e de acesso a cursos de qualidade. Por isso, instituições que trabalham com a formação e o aperfeiçoamento desses profissionais têm um papel fundamental em multiplicar o conhecimento e salvar vidas.
A Diretriz Cursos e Treinamentos oferece formação completa para cuidadores de idosos, com aulas práticas e teóricas que abordam situações reais do dia a dia — incluindo o módulo de primeiros socorros, onde o aluno aprende, de forma vivencial, como agir diante de um engasgo ou de uma parada cardiorrespiratória.
Cuidar é um ato de amor, mas também é um ato de responsabilidade. O engasgo que tirou a vida de César Filho serve como alerta para todos nós: o conhecimento salva vidas.
Todo cuidador precisa ter acesso à capacitação em primeiros socorros, porque, quando uma emergência acontece, não há tempo para pensar — há tempo apenas para agir.
Que essa tragédia desperte em todos nós a consciência de que formação e preparo não são opcionais, são essenciais. Que possamos, cada dia mais, fortalecer o papel do cuidador como profissional da vida, aquele que não apenas cuida — mas também protege, previne e salva.
Diretriz Cursos e Treinamentos
Formando cuidadores capacitados, humanos e prontos para agir.




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